Parque do Flamengo vive ocupação criativa
terça-feira, 2 de outubro de 2012Pista de corrida para atletas de fim de semana, cenário para a foto de formatura, palco para aula de botânica. Com 1,3 milhão de metros quadrados à beira-mar, o Aterro do Flamengo é uma das paisagens da cidade que concentra mais opções de lazer aos sábados e domingos, quando inúmeras atividades acontecem simultaneamente, tal como o Central Park de Nova York.
A área — que ganhou vida nos anos 1960 pelas mãos do paisagista Roberto Burle Marx, do botânico Luiz Emygdio de Mello Filho e dos arquitetos Affonso Eduardo Reidy, Sérgio Bernardes e Jorge Moreira — é rica pela diversidade natural. De acordo com a prefeitura, são 11.600 árvores de 190 espécies nativas e exóticas. Entre o montante, há 4.400 palmeiras. A engenheira florestal Maria de Lourdes Fonseca encontrou no parque o campo de pesquisa para concluir, ano passado, sua monografia na universidade:
— Encontrei 50 espécies diferentes de palmeiras no Aterro. O tema foi tão interessante que o professor passou a dar aulas de botânica ao ar livre para a turma seguinte.
A diversidade de árvores também chama a atenção dos entusiastas do slackline, modalidade em que o praticante se equilibra sobre fitas elásticas. Segundo o estudante de engenharia Rommel Prata, muitos curiosos passam, olham, e pedem para experimentar:
— Trago a fita sempre, pois há muitas árvores e o gramado é o melhor terreno em caso de quedas. Moro no Flamengo há dois anos e conheci muita gente nos momentos de lazer no parque.
A paisagem também é a preferida entre os formandos para fazer a foto de formatura.
— A escolha pelo Aterro do Flamengo reflete a vontade da turma de vislumbrar a paisagem utilizando a exuberância do local para agregar beleza à lembrança — disse Lorena Domingos, recém-formada em Direito.
Cariocas querem sombra e silêncio
Além da profusão de verde, o Aterro é visto pelos cariocas como um espaço tranquilo. O técnico de planejamento Vitor Alóide e a auxiliar administrativa Carolina Nascimento vão todo domingo com Bernardo, o filho de 2 anos.
— Diferente da praia, que é muito quente, o Aterro é o meu lugar preferido. Aos domingos, o fechamento das ruas para o trajeto de carros faz da região um ponto silencioso — diz Victor.
Para atrair ainda mais crianças, a Secretaria municipal de Cultura realiza, quinzenalmente, o projeto Parque Criativo, com apresentações de peças infantis e atrações musicais.
— O objetivo é revitalizar o espaço, uma das extremidades do coração da Zona Sul do Rio de Janeiro — diz o gerente de música da secretaria, Robson Camilo.
Morador do Flamengo há 30 anos, o aposentado Hércules Martins, de 83 anos, procura fazer piquenique uma vez por mês com os amigos.
— O Aterro ficou tão animado de uns tempos pra cá que se tornou o meu quintal. Vamos sair daqui para qual lugar? Não justifica.
O parque costuma receber a visita diária de cães, que se concentram em uma área apelidada de parcão. É lá onde os moradores do bairro costumam soltar seus cachorros e aproveitar para colocar o papo em dia.
Ao lado do Monumento a Estácio de Sá, situa-se um dos locais mais frequentados pelos jovens: a academia ao livre. O público aparece para malhar diariamente, das cinco da manhã às duas da madrugada:
— Trouxemos alguns pesos feitos com material de demolição e o espaço ficou lotado. Malha gente de todos os tipos aqui, que encontraram os benefícios da prática ao ar livre, em frente ao Pão de Açúcar, diferente do ambiente de confinamento que é a academia — diz o idealizador do local, Roberto Samanta.
Na outra extremidade do Aterro, os domingos são animados pelas partidas de futebol promovidas pela Liga do Aterro (LDA).
— A cada final de semana temos um público maior assistindo aos nossos jogos — conta um dos organizadores da LDA, Fábio de Melo.
Nos últimos meses, o beach tennis chegou com força. Além das quadras instaladas no local, a Federação de Beach Tennis do Rio promoveu um torneio neste fim de semana.
— Tínhamos quadras em Copacabana, bairro de Ipanema, Barra, e estava faltando uma competição no Aterro, que é um local tão visitado pelos cariocas — explica Leopoldo Rafaeli Correa, presidente da federação.
Fonte: Jornal Extra